Vinícius, Beckett e Gullar

“Sempre que eu me lembro do Vinicius ele tá rindo. Sempre que ... Eu evoco ele de vez em quando, porque é impossível escapar do Vinícius, porque toda vez que eu ligo o rádio, a música que eu gosto, a preferência é a bossa-nova.. Vou ouvindo ele, querendo ou não ... então está sempre presente. E aí sempre me aparece a figura. E é gozado, porque nunca é a figura da fossa, do desespero, do desencanto.. e eu acho isso uma coisa importante, porque eu acho que a vida não é invenção. Se você quer inventar por ruim, vc inventa pro ruim. Se vc quiser inventar pro bom, vc inventa pro bom. . Esse negócio de ficar .. Eu tenho horror a cara que ficam sempre pra baixo... sempre .. arrr... “ A verdade sobre a existência...” Não tem sentido! O Beckett, acho um chatola... A verdade sobre a existência... Mentira! Ninguém sabe qual é a verdade. Você escolhe dizer que tudo é uma merda, que não tem sentido nada, não ajuda ninguém, pode até ganhar o prêmeio Nobel;mas não ajuda ninguém. Eu prefiro o cara que bota a vida pra cima, já que ninguém sabe qual é a verdade, eu vou botar pra baixo? Então Vincius é isso, ele ajuda a viver, não tem dúvida. O povo brasileiro deve isso a ele: ele ensinou o povo brasileiro a ser feliz” ( Ferreira Gullar)